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27/08/2019

:: DUELO: AMOR x IRA!

 

ARTIGO

 

Por Dra. Ana Carolina Silveira Akel.

 

A Tempos atrás, perguntava-se:

 

Por que a necessidade de uma lei contra a violência doméstica? 


Na atualidade e vendo o retrato de uma sociedade doente, indaga-se:

 
Por que o lar conjugal é o local mais perigoso para a mulher?


A Lei Maria da Penha trouxe respostas a infindáveis perguntas até então silenciadas. 


É estonteante o número de crimes passionais na extensão de Norte a Sul do território nacional. 


A IRA é a palavra de ordem e a resposta são as agressões físicas, morais e psicológicas por homens que exercem o temor reverencial para intimidar e calar inúmeras mulheres espalhadas por todo esse País verde e amarelo.


Chegamos a um ponto onde não existe condição social, idade, hora e local. 


É assombroso, mas real, saber que próximo a cada um de nós, existe uma mulher sendo vítima de algum tipo de violência. 


Seja uma amiga, a prima de uma amiga, a mãe de um coleguinha da escola de seu filho, alguém de sua própria família, uma vizinha...


Hoje em todos os locais existe alguém sofrendo as barbáries de uma relação de opressão e absoluta intimidação.


Os presídios estão lotados e a incidência assustadora destes crimes mostra literalmente o que a sociedade doente vive.

 
A IRA tomou o lugar do AMOR. A vontade de se vingar é maior e mais poderosa. 


Vingar-se do que? 


E qual o motivo? Geralmente o mais banal possível. 


Essa situação é amparada por uma frustração e o fim do amor eterno, o mesmo dá asas para a violência e a uma punição onde a vingança não tem limite.


A falta de compaixão e o desamor transpuseram todas as barreiras.

 
O grande desalento para nós, operadores do direito, é que apesar de um grande movimento de normatização e aparato para maior e efetiva proteção às vítimas sendo um encorajador para as denúncias, os números só aumentam.


Infelizmente, apesar de termos grandes possibilidades de alavancar o extermínio desse tipo de conduta perniciosa, existe um rigorismo exacerbado e que vem tomando conta da sociedade com profundas invocações religiosas, provocando, assim, um retrocesso e estagnação a tudo o que tem sido construído arduamente na busca frenética de se resgatar a identidade feminina.


A questão de ordem religiosa e a influência sobre muitas mulheres as fazem acreditar que a mesma precisa ser submissa ao marido, que deve obediência e que nasceu para ser mãe e rainha do lar. 


Ser mãe é maravilhoso, sem sombra de dúvida, uma dádiva. 


Ser dona de casa pode dar muito prazer e ser gratificante. 


No entanto, não é assim, não é dessa forma que as coisas se encaixam. 


A solidez de uma relação não vem disso, ou seja, de um formato onde a mulher em pleno século XXI vive à sombra do companheiro.

 

Estar ao lado, estar junto não significa ser submissa e viver uma relação de opressão.

 
Com o tempo (e às vezes nem isso é necessário) o encantado, a família Doriana, o “conto de fadas”, transforma-se em uma história de terror onde a família feliz dá lugar a uma relação de reincidentes abusos e violência.  


Em muitas situações, o gestor e provedor absoluto do dinheiro, com poderio e soberba, aproveita-se dessa condição e cria asas; grandes asas para voar e pairar sobre a sua vítima como um abutre sob a sua presa.


A força bruta e as ameaças infindáveis sobre os filhos e a dependência econômica da mulher, continuam a vencer e fazer com que a mulher, sexo frágil SIM, enclausure-se e permita a continuidade da violência e do abuso.


O FIM dessa história retrógrada e erroneamente interpretada, é necessário. 


Mulheres... ENCORAJEM-SE! 


Olhem para a religião como uma grande aliada e um grande conforto, onde através dela poderá se buscar a alavanca para uma vida digna e feliz e não a assinatura de sua pena de morte.   
 
Ana Carolina Silveira Akel, advogada em São Paulo com escritório próprio, associada ao IBDFAM, associada a AASP, lecionou Direito Civil em várias faculdades, curso de extensão universitária (especialização) e Curso Preparatória para o Exame da OAB/SP. Palestrante convidada por várias Subsecões da OAB e Escola da Magistratura.

 

 

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